Por Rogerio Ruschel (*)
Aposto uma (boa) garrafa de vinho que essa você não
conhecia: vinhedos com 15 metros de altura que precisam ser colhidos por “colhedores
voadores” no sistema de plantio de uvas chamado “Aversa arborizada” (“alberata aversana” em italiano)!
Pois estamos falando da uvas Asprinio que geram o
Asprinio de Aversa, um vinho de mesa branco exclusivo da província de Caserta,
região da Campania, perto de Nápoles, Itália. Para ser classificado como o
Asprinio de Aversa precisa ter pelo menos 85% de uvas da vinha Asprinio; o
Aversa DOC, uma versão espumante, precisa ser feito 100% com a uva Asprinio.
A vinha é na
verdade uma árvore que lança galhos agarrada em uma árvore e em uma estrutura
de arames de aço e vai trepando até cerca de 15 metros de altura. A uva
Asprinio, uma espécie de silvestris vitis
foi introduzida na região das planícies em torno de Aversa pelos etruscos,
segundo os pesquisadores provavelmente para a produção de vinagre, mas foi
sendo melhorada e utilizada para produzir um vinho branco seco e forte (o
espumante é bastante refrescante) para acompanhar pratos à base de peixe e
mussarela Aversana. Segundo historiadores, a videira foi sendo desenvolvida “para
cima” para evitar a competição pelo uso da terra, que durante séculos foi
utilizada também para produzir outros alimentos e culturas sazonais.
A área de
produção do Asprinio de Aversa (nomes alternativos: Grego Branco, Olivese, Ragusano, Ragusano Bianco, Asprino, Uva Asprina ) inclui o
território de 22 municípios a apenas 15 Km do oceano: Aversa, Carinaro, Casal di Principe, Casaluce, Casapesenna, Cesa,
Frignano, Gricignano di Aversa, Lusciano, Orta di Atella, Parete, San Cipriano
d'Aversa, San Marcellino, Sant'Arpino, Succivo, Teverola, Trentola-Ducenta,
Villa di Briano e Villa Literno, na Provincia de Caserta e Giugliano, Qualiano
e Sant'Antimo, na Provincia de
Napoles.
O vinho
Asprinio de Aversa é uma raridade porque existem poucos produtores da uva
Asprinio – os principais são a Cantine Grotta del Sole, a I Borboni, a
Azienda Magliulo e a Masseria Campito, que você encontra na internet. É muito difícil
produzir uvas no sistema “alberata aversana”, porque o
processo etrusco aproveita tutores vivos (árvores) como o álamo (Populus
alba) ou o olmo (Ulmus ) para
suportar os galhos, ao contrário do sistema grego que utiliza tutores mortos
(estacas de madeira).
Embora interessante do ponto de vista de turismo, o sistema “alberata aversana” é impraticável do ponto de vista de gestão
econômica moderna na produção de vinhos
porque gera uma única colheita anual que custa em média pelo menos três vezes mais do que uma colheita "normal".
Além disso é necessário mão de obra altamente especializada para a
colheita: habilidosos camponeses locais, apelidados de "homens-aranha", os únicos capazes
de mexer com as pesadas escadas
imponentes e subir agilmente ao longo das videiras para capturar cachos de uvas nas "paredes". E isso sem falar no
trabalho gigantesco e complexo de podar as mudas, que na verdade exige
uma espécie de "bordado", num
processo de ligar os ramos
entre si a vários metros de altura.
E o vinho?
Eu ainda não provei, mas segundo especialistas, ele é de branca esverdeada e
tem um aroma delicado que lembra flores amarelas, maçã, notas cítricas. Mas é
na boca que vence os bebedores passionais, porque tem elevada acidez devido aos
altos níveis de ácido málico, o que o torna uma excelente base para a produção
de vinho espumante de qualidade.
(*) Rogerio Ruschel é editor do blog In Vino Viajas, o mais internacional do Brasil - veja em http://invinoviajas.blogspot.com.br/
"La comunicación es nuestro principal objetivo y sin vosotros no tendría sentido, gracias"
IN VINO VERITAS, LONGAE VITAE!)
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