Por
Rogerio Ruschel (*)
Pela primeira vez na história da França, uma coisa viva
foi reconhecida como monumento histórico nacional. Trata-se de um vinhedo da
familia Pédebernade na região do Gers, no sudoeste da França. A família Pédebernade (René
Pédebernade, de 85 anos, na foto abaixo)
que plantou e cuida da videira há pelo menos 190 anos, testemunhou que estas
videiras resistiram a guerras, climas extremados e até mesmo a filoxera, a
doença dos vinhedos que praticamente destruiu a industria vinícola na Europa,
no final do século XIX.
Segundo os especialistas, os vinhedos Pédebernade são
excepcionais não só pela idade, mas tambem porque incluem cerca de 20 diferentes tipos de uva, sete dos quais
são desconhecidos em qualquer outro
lugar, são desconhecidas para a ciência. Entre as
variedades de uvas identificadas estão a
tannat, uma uva vermelha com origem no País Basco, na fronteira
entre França e Espanha (hoje muito comum no Uruguai) e fer Servadou, uma uva
de pele escura usada principalmente para
vinhos tintos e rosados. Os sete
tipos de uvas não
identificadas foram batizados Pédebernade
1-7 em honra do
seu proprietário.
O vinhedo tem 600 videiras plantadas em 12 linhas em um pequeno terreno na aldeia de Sarragachies, que fica na planície aluvial no
sopé dos Pirineus. Em 1800,
era comum plantar diferentes variedades de uvas em conjunto, e as
vinhas estão plantadas para permitir
a passagem de bois atrelados para arar o solo. Oito
gerações de Pédebernades trabalharam nestes vinhedos.
René Pédebernade, 85 anos, passou sua
vida trabalhando na vinha,
mas entregou-a a seu
filho Jean-Pascal, 45 anos, (acima) há duas décadas, embora ele ainda ajude a cuidar das vinhas
que estão literalmente à sua porta. Acredita-se que foram plantadas por volta de 1822, ano
do famoso Grito do Ipiranga e da Independência do Brasil, e um ano depois da
morte de Napoleão Bonaparte na Europa. A
primeira colheita de uvas para vinificação foi feita em 1827, ano em
nascia Manoel Deodoro da Fonseca, que seria o primeiro Presidente do Brasil, e
que Victor Hugo publicou
“Les Orientales” na França.
Atualmente as uvas dos Pédebernade (Gers) são vinificadas
em conjunto com uvas dos vinhos, em uma cooperativa, mas agora a família pediu
que seja feita uma edição especial do vinho centenário. E, é claro, a família Pédebernade agora planeja abrir o vinhedo
tombado como patrimônio francês para visitação.
Vinhedos
atingem seu pioque de produção com 15 a 20 anos e a maioria dos produtores
prefere arrancar e trocar as videiras quando atingem 25 a 30 anos. E junto com
elas, corta histórias como esta da família Pédebernade.
(*) Rogerio Ruschel é jornalista em São Paulo, Brasil, onde edita In VIno Viajas, o blog brasileiro mais internacional, com leitores em 112 paises. Veja em
http://invinoviajas.blogspot.com.br/
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IN VINO VERITAS, LONGAE VITAE!)
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