Por Rogerio Ruschel, de São Paulo, Brasil
A produção vinícola do Uruguai
é realizada por dezenas de
pequenos produtores, eminentemente famílias, que colhem manualmente as uvas, e
no contexto internacional é pequena: apenas 9.000 hectares no total. Mas o país
está aproveitando isso para garantir uma vantagem mercadológica: no primeiro
trimestre de 2015
o Uruguai vai finalizar o processo de georreferenciamento
dos vinhedos de Canelones e Colonia, e com isso terá 100% de sua produção de vinho certificada desde a sua origem até a garrafa. Veja acima uma foto do vinhedo da vinícola Garzón, e abaixo
o mapa de regiões vinícolas do Uruguai.
Com isso o
Uruguai vai ser o primeiro país da
América Latina com esta tecnologia de Agricultura de
Precisão que permite aumentar a produtividade e reduzir impactos ambientais. O georreferenciamento associa informações
específicas a um endereço via GPS e permitirá agilidade operacional para os
pequenos produtores e o desenvolvimento de políticas públicas, porque será
possível saber aonde está a produção, qual o volume de produtos nas rodovias e
para onde a indústria poderá ser ampliada. No caso uruguaio serão produzidos mapas digitais dos vinhedos e as suas características, como por exemplo o número
de hectares, localização, história
da colheita, idade do plantio, variedades, identificação de solos (terroirs),
tipo de porta-enxerto utilizado e outros – veja abaixo, coleta de dados em vinhedo no Vale
dos Vinhedos, Brasil.
Além disso o
georreferenciamento poderá ser utilizado como uma importante ferramenta de
mercado - a rastreabilidade – ao mostrar ao consumidor a história de cada
garrafa. Explico: o resultado do georreferenciamento
poderá ser colocado no rótulo do vinho
na forma de um código QR (QR Code), que poderá informar o consumidor sobre a localização geográfica do vinhedo, a uva, os
procedimentos produtivos agrícolas e industriais e outras informações, como por
exemplo, aquelas relacionadas a turismo. O QR Code (exemplo na imagem abaixo) é um código que ao ser “lido” por
um telefone celular é convertido em texto interativo que fornece informações
diversas.
Na minha opinião, o georreferenciamento poderá agregar valor internacional
aos vinhos das uvas Tannat (foto abaixo), do qual o Uruguai é o maior (e
melhor) produtor mundial, e sua combinação perfeita, a harmonização com a carne
de cordeiro (também abaixo).
Inicialmente
empregado para catalogar peças na produção de veículos, o QR Code hoje é
amplamente utilizado também no controle de estoque em indústrias e comércio; no
caso do vinho, poderá facilitar o gerenciamento do estoque
para importadores, revendedores e restaurantes. O QR Code também permitirá que o Instituto Nacional do Vinho do Uruguai (INAVI) -
entidade que está conduzindo o georreferenciamento - atualize
seu banco de dados e possa garantir a
autenticidade, qualidade e segurança alimentar
dos produtos – e talvez incentivar ainda mais o enoturismo neste belo país.
Abaixo, por de sol na Pousada CampoTinto, região de Carmelo.
No Brasil algumas regiões do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha e em Santa Catarina, já foram georreferenciadas em ações do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Embrapa Uva e Vinho e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ou privadas. Argentina e Chile também tem regiões já georreferenciadas destacando mapas turísticos e de produção (veja abaixo um exemplo), que podem ser conhecidas no site http://www.winemaponline.com
(*) Rogerio Ruschel é jornalista e edita
este blogue baseado em São Paulo, Brasil; infelizmente ainda não conhece os vinhedos
georreferenciados do Uruguai.
"La comunicación es nuestro principal objetivo y sin vosotros no tendría sentido, gracias"
IN VINO VERITAS, LONGAE VITAE!))
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