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viernes, 20 de febrero de 2015

Vinhedo francês de 200 anos vira monumento histórico nacional


Por Rogerio Ruschel (*)

Pela primeira vez na história da França, uma coisa viva foi reconhecida como monumento histórico nacional. Trata-se de um vinhedo da familia Pédebernade na região do Gers, no sudoeste da França. A família Pédebernade (René Pédebernade, de 85 anos, na foto abaixo) que plantou e cuida da videira há pelo menos 190 anos, testemunhou que estas videiras resistiram a guerras, climas extremados e até mesmo a filoxera, a doença dos vinhedos que praticamente destruiu a industria vinícola na Europa, no final do século XIX.

Segundo os especialistas, os vinhedos Pédebernade são excepcionais não só pela idade, mas tambem porque incluem cerca de 20 diferentes tipos de uva, sete dos quais são desconhecidos em qualquer outro lugar, são desconhecidas para a ciência. Entre as variedades de uvas identificadas estão a tannat, uma uva vermelha com origem no País Basco, na fronteira entre França e Espanha (hoje muito comum no Uruguai) e fer Servadou, uma uva de pele escura usada principalmente para vinhos tintos e rosados​​. Os sete tipos de uvas não identificadas foram batizados Pédebernade 1-7 em honra do seu proprietário.

O vinhedo tem 600 videiras plantadas em 12 linhas em um pequeno terreno na aldeia de Sarragachies, que fica na planície aluvial no sopé dos Pirineus. Em 1800, era comum plantar diferentes variedades de uvas em conjunto, e as vinhas estão plantadas para permitir a passagem de bois atrelados para arar o solo. Oito gerações de Pédebernades trabalharam nestes vinhedos.

René Pédebernade, 85 anos, passou sua vida trabalhando na vinha, mas entregou-a a seu filho Jean-Pascal, 45 anos, (acima) há duas décadas, embora ele ainda ajude a cuidar das vinhas que estão literalmente à sua porta. Acredita-se que foram plantadas por volta de 1822, ano do famoso Grito do Ipiranga e da Independência do Brasil, e um ano depois da morte de Napoleão Bonaparte na Europa. A primeira colheita de uvas para vinificação foi feita em 1827, ano em nascia Manoel Deodoro da Fonseca, que seria o primeiro Presidente do Brasil, e que Victor Hugo publicouLes Orientales” na França.

Atualmente as uvas dos Pédebernade (Gers) são vinificadas em conjunto com uvas dos vinhos, em uma cooperativa, mas agora a família pediu que seja feita uma edição especial do vinho centenário. E, é claro, a família Pédebernade agora planeja abrir o vinhedo tombado como patrimônio francês para visitação.

Vinhedos atingem seu pioque de produção com 15 a 20 anos e a maioria dos produtores prefere arrancar e trocar as videiras quando atingem 25 a 30 anos. E junto com elas, corta histórias como esta da família Pédebernade.

(*) Rogerio Ruschel é jornalista em São Paulo, Brasil, onde edita In VIno Viajas, o blog brasileiro mais internacional, com leitores em 112 paises.  Veja em  http://invinoviajas.blogspot.com.br/



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IN VINO VERITAS, LONGAE VITAE!)


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